segunda-feira, 3 de junho de 2019

Joaquim Bento: o Poeta






Joaquim Bento: o Poeta

O mundo de convivência de Joaquim constituía-se pequeno. Ele sabia de outras civilizações: isso não era trabalhoso entender. Mas, o menino não compreendia o significado do Papai Noel e o porquê de o bom velhinho que distribui presentes no Natal o ter ignorado?! Atormentava a sua mente uma decepção. Buscou alívio, extravasou o sentimento de uma criança que não teve a visita do tão sonhado velhinho da barba branca e do saco de brinquedos. Num gesto acalentador e com os olhos mergulhados em lágrimas, escreveu os versos a seguir:


Papai Noel, para mim, é lenda,
Que só visita fora do horário.
Barba branca, feição horrenda,
E não entra no lar do operário.

Forasteiro, domador de renas,
Atrasa, para só chegar à noite.
Nas nuvens, corta as sendas
Usando o vento como açoite.

A mim papai Noel nada deu:
Carrinho, cabrito ou carretel.
Meu presentinho se escafedeu.
Como posso crer em ti, Papai Noel?

É mito, um Noel imaginário,
Que há muito anda no mundo.
Na barba, esconde um falsário;
Não sabemos de onde oriundo.


Os versos são reveladores. O jovem expõe, com riqueza de detalhes, sua insatisfação e seus medos. Não podia escolher, e tudo que agora possuía configuravam-se um emaranhado de coisas desordenadas. Contava com o destino: seu mestre e carrasco. 


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